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Arquitetos: Mínimo Común Arquitectura; Mínimo Común Arquitectura
- Área: 63 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Federico Cairoli
Descrição enviada pela equipe de projeto. Assunção, capital da república do Paraguai, conta com uma população de 525.000 habitantes (7,5% do total do país). Em sua área metropolitana residem 2.130.000 habitantes (30% da população). Os serviços básicos necessários para o desenvolvimento de uma vida razoavelmente boa (saúde, educação, instituições governamentais, cultura, etc.) se encontram concentrados na capital, o que significa que apenas 37% das pessoas tem acesso a esses serviços básicos.
Por tal motivo uma migração massiva de cidadãos do interior do país ocorre. Eles partem de diversas regiões em busca de melhores oportunidades de vida, o que gera uma alta especulação imobiliária e produz um êxodo dos próprios habitantes de Assunção, que, pela mesma especulação, vendem suas terras e passam a fazer parte da periferia, a extensão urbana que se expande mais a cada dia.
O salário mínimo vigente é de 2.112.562.- Gs, o equivalente a 352 dólares americanos, e o custo médio de aluguel de um apartamento de um único cômodo é de 450 dólares. Como consequência disso, é possível afirmar que o aluguel não é muito viável. Além disso, as compras de apartamentos pequenos é ainda menos, já que seu preço circunda os 250.000 $. "Jota" é um dos tantos jovens que se transporta do interior, da cidade de Encarnación, até Assunção diariamente para realizar seus estudos. Por isso surge a opção de construir uma residência aproveitando o terreno que sua família possui na cidade e, assim, evitar o pagamento de aluguel.
A encomenda chega como um apartamento mínimo com orçamento limitado, onde o cliente possa viver com um conforto básico. O terreno de 10,5 por 22 metros localizado em uma esquina era o espaço a receber a intervenção. 36 metros quadrados era a área aproximada que se poderia construir com os 100.000.000.- de Gs. (17.241 $) disponíveis. A proposta foi uma residência modular de 63 metros quadrados com a área social (salas de estar e jantar) e serviços (cozinha, lavanderia e banheiro) agrupados no térreo, e um dormitório com uma pequena varanda de expansão em um segundo pavimento utilizando o mesmo montante de dinheiro.
A residência é um volume de 7 x 6 metros com um mezanino de 3,5 x 6 metros que se projeta sobre a sala. Estas medidas permitiriam replicar a mesma em 3 módulos adicionais no futuro. O projeto consiste em uma viga de 7 metros em "L", que nos permite abrir totalmente o espaço, sobre a qual se apoia um mezanino pré-fabricado. Os aparelhos das paredes foram colocados de maneira tradicional, com exceção da fachada do primeiro pavimento, pois quando chegou o momento na obra de fazer esse andar o orçamento tinha sido reduzido consideravelmente por alguns imprevistos.
Essa crise se traduziu em uma reflexão sobre a maneira mais rápida de colocar os tijolos. A solução foi imitar a forma com que são organizados nos caminhões. Colocando um prumo de terças na parte de trás e simplesmente encaixando os tijolos com essa referência, mas sem nível, utilizando apenas a orientação horizontal e selando as juntas verticais com silicone transparente. A combinação de vidros e chapas nos fechamentos verticais do térreo permitiu que o abríssemos ao pátio em sua totalidade para gerar uma expansão completa da casa que, assim, poderia desfrutar da sombra das árvores de manga que cobram o terreno. É dessa forma que a Casa Jota conta com 63 metros quadrados em forma de loft onde o proprietário pode desenvolver sua vida social, universitária e trabalhar com a possibilidade de réplica, com a qual poderia receber mais pessoas com o mesmo conforto.